É assim que eu te vejo em meus sonhos de noites de atroz saudade: mas, em sonhos ou desenhada no vapor do crepúsculo, tu não és para mim mais do que uma imagem celestial; uma recordação indecifrável; um consolo e ao mesmo tempo um martírio.
Não eras tu emanação e reflexo do céu? Por que não ousaste, pois, volver os olhos para o fundo abismo do meu amor? Verias que esse amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende; eterno, como o seu nome, que nunca perece. [...]
Tu, Hermengarda, recordares‑te?! Mentira!... Crês que morri, ou porventura, nem isso crês; porque para creres era preciso lembrares‑te, e nem uma só vez te lembrarás de mim!
[Eurico, o Presbítero por Alexandre Herculano]